domingo, 23 de dezembro de 2007

Bairro 49

Nota : este texto é dedicado a minha mãe .
felizmente que eu não passei por isto que esta personagem passou , só dou voz .mais nada . Agonia-me ver a passividade e a impunidade na justiça portuguesa .


Este bairro que vos vou falar , não tem nada a ver com os outros bairros . Por si só , é diferente e pior . Tem problemas , mas corre na veia uma imagem pouco famosa e muito distante , de uma miséria grande , de uma desigualdade , a pobreza e a dor – a dor é uma palavra que consta no vocabulário e que por alguns , que sejam remotos , o sofrimento .
A minha família aluga uma casa , pois não tem dinheiro para mais , mas e ai fico contente e não tenho pudor em dize-lo com satisfação , que embora não somos ricos , não temos dificuldades de maior . E tenho vergonha de outras pessoas que pedem , para ter e algumas tem medo de pedir .
E quando penso nos outros , mais em mim do que nos outros , não porque tenho ..simplesmente pena , mas dá –me raiva . Que aqueles que passam a vida a prometer , não cumprem e nem sonham o dia da derrota , pois aqui neste bairro as pessoas gostam mais daquela gente e aqui os que mandam , que são os “ gangs ” tem algumas regalias por serem amigos ou conhecidos , não importa o que fazem , mas o que mandam fazer no dia sagrado das ditas eleições .
Claro que me agonia e a quem é que não agonia ver a diferença e a injustiça ? E a impunidade que alguns tem .
A mim confesso que vou aguentando e quero sair daqui e vou para outro sitio , o que não me deixa indiferente a estes actos de pura e mera injustiça que cresce a olhos vistos , numa tentativa de se aumentar a cada dia que passa e de não ter um dito fim .
Muitas pessoas tem pressa em sair daqui , mas o problema é que os ordenados são cada vez mais baixos e tudo aumenta e o futuro não é bom , nem se pensa que seja . Com medidas e mais medidas para deitar tudo a baixo .
A indignação não ajuda , as pessoas querem que se cumpra e que não se atropele os direitos do povo e os deveres que cada vez mais estão a ser mais diminuídos com a burocratização e as leis , que se esquecem das pessoas .
Claro que este é o relato mais importante que se pode fazer numa época , onde ninguem tem duvidas e todos até neste bairro tem desconfiança , por coisas que se passam e que vão passando .Onde a lei , em muitos casos é cega demais .

1 comentário:

Rui Gonçalves disse...

Bernardo, este texto é quase tão grande como o homem em que tu te vais tornando.
Dedicaste-o à tua mãe, e conhecendo-a a ela e a ti, reitero a dedução de que, bons frutos nascem de boas árvores.

Sim, Bernardo, a injustiça e a pobreza aumentam, fundadas sobre as desigualdades que todos devemos combater, como já te comentei, num contexto de Liberdade, de Igualdade e de Fraternidade.

Forte abraço por este texto admirável.